sexta-feira, 20 de junho de 2008

Fragmentos de sol


Estrelas claras

Olhos da noite

Beleza rara

Fragmentos de sol

Entrelaçam-se na alma, serena,

Tateando mistérios

Sussurrando amor...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

uMa PrOvOcAçÃo



Dia frio, de tons gris,
O sol timidamente, em seu curso, rasga as nuvens.
Paisagem: a gente enxerga o que é,
Entretanto, alguns olhares vêem diferente.
O artista pode ainda fazer alguns retoques
Nas figuras, nos sons, na tela do (in)consciente.
Talvez a imagem da verdade seja abstrata,
Abstrata mas não irreal.
E pode se tornar concreta
Se tu consegues fazer com que outros a vejam contigo,
Através de ti
.

VOU RECORTAR PEDAÇOS DE SOL E COLAR EM TODOS OS BURACOS DA MINHA TELA!

O asfalto embrutece a terra?????????


Asfaltaram minha rua... A única rua do bairro que não tinha asfalto (embora constasse como asfaltada em todos os documentos da Prefeitura).

Agora as crianças já não podem brincar tranqüilamente, pois os carros por lá cortam caminho voando pra chegar mais rápido à USP.
Nós pedestres precisamos olhar pra atravessar a rua e não podemos andar sossegadamente em qualquer lugar, pois os carros estão sempre passando apressados, e nos olham feio quando estamos fora da calçada. Bom lembrar que a prefeitura sequer olhou pras calçadas... tá certo que cada morador tem que arrumar a sua própria calçada, mas a maior parte da rua é a traseira de um condomínio, ou seja não tem “dono” e por isso continua com entulhos e restos de poda de árvore, das árvores que, diga-se de passagem, meu pai plantou há muitos anos quando a rua era desértica e feia e os caminhões da prefeitura sequer passavam por lá.
Também os cachorrinhos perderam espaço de fazer suas necessidades nos passeios matinais/noturnos e os donos têm mais trabalho (o coco na terra sumia rapidinho com sol e chuva, agora no asfalto...afff....). Isso me lembra o velho Bob, que segundo o Bruno “está no céu dos cachorros”. Bob nos acordava todas as manhãs as 6:30h com seu latido forte, e não sossegava até abrirmos o portão pra ele dar sua voltinha e sua “aliviada”, pois não gostava de fazer sujeira dentro da garagem. O mais engraçado é que não fomos nós que o treinamos... Depois latia de novo pra abrimos o portão, ele entrava e estava tudo estava certo...
Eu não gosto de ficar reclamando. Ficou bonitinha até a rua. Agora pode-se andar de "scarpim" sem estragar o salto e nos dias de chuva ninguém correrá mais risco de escorregar na lama ou sair deixando rastros no piso da cozinha, a casa fica menos empoeirada e os adolescentes conseguem andar de skate e patins.
Mas confesso que eu preferia o corre-corre das crianças e dos cachorros, o poder andar fora da calçada e não precisar olhar pra atravessar a rua. Preferia, sim, arrancar os matinhos que teimavam em nascer na frente da calçada e preferia, sem pensar muito, o sossego de estar em um cantinho que não se assemelhasse à Paulicéia desvairada.


Achei que o asfalto embruteceu a terra....

quinta-feira, 12 de junho de 2008

O dom do Simples


O dom do que o Simples dispensa se esconde na inaparência do que é sempre o mesmo.
Aos desatentos o Simples parece uniforme.
A uniformidade entedia.
Os entediados só vêem monotonia ao seu redor.
O Simples desvaneceu-se.
Sua força silenciosa esgotou-se. Perdemos quase completamente a capacidade de admirar-nos, fascinar-nos, maravilhar-nos com o Simples.
Perceber no comum e no diário aquilo que é incomum e não diário, o "mirandum", eis o princípio do filosofar.
Nesse ponto o ato de filosofar se assemelha à poesia...a contemplação é um conhecimento com amor.
É a visão do Ser amado, que nos maravilha, fascina e encanta.
Paz a todos!

segunda-feira, 9 de junho de 2008



Faz um tempão que eu mesma não escrevo nada.
Fiquei meses sem postar e nos últimos dias coloquei aqui fragmentos que vieram de outrem, mas não foi por falta de criatividade, nem de tempo (bem, este sempre é escasso, mas conseguimos dar um jeitinho...).... É que tenho sofrido de “imaterialização”: não consigo fazer caber as idéias e os sentimentos dentro das palavras, aí elas se tornam apenas uma vaga representação do que eu queria dizer, e o essencial, que eu queria de fato colocar no papel fica distante, como que "maculado"!
Para um lenitivo do meu “mal”, recorro à sentença de Saint-Exupery que diz mais ou menos assim: “ninguém passa por nossa vida inutilmente; cada pessoa leva um pouco de nós e deixa um pouco de si” ...então tenho colocado aqui “pedacinhos” vindo de amigos, de conhecidos, de desconhecidos, de experiências, etc...mas que de qualquer forma expressam um pouco do "eu mesma".
Ultimamente me sinto "en-cantada"! Digo assim mesmo porque é como se várias melodias ficassem ecoando no meu íntimo. Sinto-me deslumbrada apenas por viver, respirar, sentir o sol na pele e o vento bagunçando os cabelos, encontrar e reencontrar amigos e conhecer pessoas novas, e descobrir quanto do bom e do belo de Deus mora em cada um... Ele está tão perto... isso me fascina!!!

Estou assim, apaixonada pela vida e pelo Doador dela, mesmo com as lutas enfrentadas no dia-a-dia na busca do bem e da verdade, para ser um pouquinho melhor para Deus e para os queridos e queridas que vou encontrando pelo caminho. Quem sabe neste trajeto eu consiga semear um pouco de paz e alegria...

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Caminante, no hay camino. Se hace camino al andar...


Este poema chegou-me há uns dois anos, por parte de um amigo muito querido e precioso.
Ambos (amigo e poema) vieram numa fase ímpar de minha vida....só Deus sabe...
O poema me ensinou um segredo que eu jamais esqueci, e o amigo ganhou uma morada eterna em meu coração.

Essa amizade começou numa rápida carona, materializou-se por meio de um livro, criou laços através da afinidade (na oração e no silêncio, pois morávamos muitíssimo longe e nunca nos encontrávamos!), e foi amadurecendo depois que eu retornei a SP, em encontros periódicos e muitíssimo agradáveis...
Posto aqui como uma forma de gratidão e ágape fraterno àquele que se tornou irmão, pai, bom samaritano e amigo, do peito e da alma. Pax!!!!

Cantares
Composição: J.M. Serrat

Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre la mar.

Nunca perseguí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción.
Yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.

Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
subitamente y quebrarse.

Nunca perseguí la gloria...

Caminante, son tus huellas el camino y nada más.
Caminante, no hay camino. Se hace camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrásse
ve la senda que nunca se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino sino estelas en la mar.

Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta a gritar:
«Caminante no hay camino, se hace camino al andar...»

golpe a golpe, verso a verso...

Murió el poeta lejos del hogar
lo cubre el polvo de un pais vecino
al alejarse le vieron llorar«Caminante no hay camino, se hace camino al andar...»

golpe a golpe, verso a verso...
Cuando el jilguero no puede cantar.
Cuando el poeta es un peregrino.
Cuando de nada nos sirve rezar.
(AQUI VAMOS SUBSTITUIR POR: Cuando de nada nos sirve llorar)

«Caminante no hay camino, se hace camino al andar...»
golpe a golpe, verso a verso
golpe a golpe, verso a verso
golpe a golpe, verso a verso…


quarta-feira, 4 de junho de 2008

"Ganhei" este lindo poema sobre o seráfico pai São Francisco de Assis, recitado por D. João Mamede, OFM Conv, na viagem Curituba/São Paulo, voltando do Encontro Franciscano que fizemos ano passado....ele dirigia o carro e recitava, com o coração exultante, e eu ouvia, tentando captar um poquinho do Francisco escondido em mim.


Gosto dele inteiro, mas sobretudo da estrofe que começa assim : "Daí, porém, suaves se soltavam...". Procurava a muito tempo, mas em vão, pois descobrir que a tradução (o original é em alemão) foi feita por um outro frade, amigo dele. Então ele me encaminhou.




Talvez a leitura não seja tão maravilhosa quanto ouvi-lo declamado por um coração franciscano, mas não vale apenas ler; tem que imaginar, sentir, saborear ...




Paz e bem!








F R A N C I S C O
Rainer Maria Rilke(1903)

Oh! Onde está aquele
que da posse e do tempo
para a sua grande pobreza
assim se robusteceu, que,
ele as roupas deixou no mercado
e nu andou adiante em face
ao manto do bispo.
O de todos, o mais íntimo e amável
que veio e viveu como novo ano;
o irmão marrão de teus rouxinóis,
no qual era admiração e benevolência
e, um encanto à terra.

Pois não era ele nenhum
dos sempre cansados,
dos que, sem alegria se tornam mais e mais;
com pequenas flores
quais como pequenos irmãos,
indo ao longo da orla do campo, falava.
E falava de si e de como se gastava,
assim para que a tudo seja alegria;
e da partilha do seu coração claro
não havia o fim,
e por apoucado que seja,
nada lhe passava de lado.
Ele veio da luz para sempre
mais profunda luz,
e a sua cela estava imersa
na claridade da alegria.
O sorriso crescia na sua face
e tinha sua infância e história,
e se tornou maduro
como a menina do tempo.

E quando ele cantava,
de novo assim voltava o próprio ontem
e o esquecido e vinha;
e uma calma se fazia nos ninhos,
e apenas os corações clamavam nas irmãs,
os quais ele tocava como um esposo.

Daí, porém, suaves se soltavam
da sua boca rubra polens
do seu canto e voavam sonhando
para os cheios de amor
e caíam nas pétalas aberta
e lentamente afundavam no chão da flor.

E recebiam-no, o sem mácula,
no seu corpo que era sua alma.
E seus olhos se fechavam como rosas,
e cheios de noite de amor
eram seus cabelos.
E o recebia o grande e o pequeno.
A muitos animais vinham querubins
dizer que sua pequena fêmea traga frutos,
e eram maravilhosas borboletas:
pois a ele reconheciam todas as coisas
e dele tinham fertilidade.

E quando ele morreu
tão leve como sem nome,
foi ele ali espalhado: sua semente correu
em riachos, nas árvores
cantava sua semente
e mirava-o das flores, serenamente.
Ele jazia e cantava.
E quando as irmãs vieram,
ali choraram por seu amado varão.

Oh! Para onde ele, o claro,
no seu clangor se esvaiu?
Por que o sentem, o jovial e jovem,
os pobres, que persistem, não de longe?
Por que não surge, ele, deles nos alvores –
da pobreza a grande estrela vespertina?