sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A Menina e o Vento


...a menina pegou as pesadas pedras que avistou e as ajeitou perto do muro, uma a uma, sobrepondo-as. Depois, não com pouco esforço conseguiu subir sobre elas, debruçou-se sobre o muro e respirou fundo. A íngreme subida lhe causara alguns arranhões nos joelhos, as mãos ficaram esfoladas e o suor escorria-lhe sob o vestido. Mas valera a pena: agora ela podia enxergar melhor o que havia do outro lado.

Viu paisagens e pessoas, inúmeras pessoas que iam e vinha freneticamente. Nem se davam conta que pareciam o vento. E o vento...ah, o vento! Como a menina gostava do vento! Estando ali no alto podia senti-lo melhor roçando a sua face, bagunçando seus cabelos, envolvendo o seu corpo e cantarolando em seus ouvidos.

Mas não era por isso que as pessoas pareciam com o vento! As pessoas pareciam com o vento porque andavam tão depressa que nunca paravam, nem mesmo para se sentir, nem para sentir ... o vento.

Ficou perplexa!! Notou que as pessoas passavam inúmeras vezes pelos mesmos lugares, fazendo as mesmas coisas, cruzando umas com as outras diversas vezes e não se conheciam. Sequer se percebiam. Menos ainda ao vento...

Ficou perplexa de novo! Ela desejou não descer. Notou que, apesar de amar o mundo, preferia ficar ali...com o vento.

Nenhum comentário: