quarta-feira, 4 de junho de 2008

"Ganhei" este lindo poema sobre o seráfico pai São Francisco de Assis, recitado por D. João Mamede, OFM Conv, na viagem Curituba/São Paulo, voltando do Encontro Franciscano que fizemos ano passado....ele dirigia o carro e recitava, com o coração exultante, e eu ouvia, tentando captar um poquinho do Francisco escondido em mim.


Gosto dele inteiro, mas sobretudo da estrofe que começa assim : "Daí, porém, suaves se soltavam...". Procurava a muito tempo, mas em vão, pois descobrir que a tradução (o original é em alemão) foi feita por um outro frade, amigo dele. Então ele me encaminhou.




Talvez a leitura não seja tão maravilhosa quanto ouvi-lo declamado por um coração franciscano, mas não vale apenas ler; tem que imaginar, sentir, saborear ...




Paz e bem!








F R A N C I S C O
Rainer Maria Rilke(1903)

Oh! Onde está aquele
que da posse e do tempo
para a sua grande pobreza
assim se robusteceu, que,
ele as roupas deixou no mercado
e nu andou adiante em face
ao manto do bispo.
O de todos, o mais íntimo e amável
que veio e viveu como novo ano;
o irmão marrão de teus rouxinóis,
no qual era admiração e benevolência
e, um encanto à terra.

Pois não era ele nenhum
dos sempre cansados,
dos que, sem alegria se tornam mais e mais;
com pequenas flores
quais como pequenos irmãos,
indo ao longo da orla do campo, falava.
E falava de si e de como se gastava,
assim para que a tudo seja alegria;
e da partilha do seu coração claro
não havia o fim,
e por apoucado que seja,
nada lhe passava de lado.
Ele veio da luz para sempre
mais profunda luz,
e a sua cela estava imersa
na claridade da alegria.
O sorriso crescia na sua face
e tinha sua infância e história,
e se tornou maduro
como a menina do tempo.

E quando ele cantava,
de novo assim voltava o próprio ontem
e o esquecido e vinha;
e uma calma se fazia nos ninhos,
e apenas os corações clamavam nas irmãs,
os quais ele tocava como um esposo.

Daí, porém, suaves se soltavam
da sua boca rubra polens
do seu canto e voavam sonhando
para os cheios de amor
e caíam nas pétalas aberta
e lentamente afundavam no chão da flor.

E recebiam-no, o sem mácula,
no seu corpo que era sua alma.
E seus olhos se fechavam como rosas,
e cheios de noite de amor
eram seus cabelos.
E o recebia o grande e o pequeno.
A muitos animais vinham querubins
dizer que sua pequena fêmea traga frutos,
e eram maravilhosas borboletas:
pois a ele reconheciam todas as coisas
e dele tinham fertilidade.

E quando ele morreu
tão leve como sem nome,
foi ele ali espalhado: sua semente correu
em riachos, nas árvores
cantava sua semente
e mirava-o das flores, serenamente.
Ele jazia e cantava.
E quando as irmãs vieram,
ali choraram por seu amado varão.

Oh! Para onde ele, o claro,
no seu clangor se esvaiu?
Por que o sentem, o jovial e jovem,
os pobres, que persistem, não de longe?
Por que não surge, ele, deles nos alvores –
da pobreza a grande estrela vespertina?

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